terça-feira, 14 de agosto de 2012

Erisipela


Também chamada de “febre de Santo Antônio”, a erisipela é uma infecção de pele causada principalmente pelo Streptococcus pyogenes. Acomete inicialmente a derme superficial e profunda e seus vasos linfáticos, e se superficializa, atingindo também a epiderme. A porta de entrada para a bactéria pode ser úlcera de estase ou lesões micóticas intertriginosas. `

                As características da erisipela, e o que permite o diagnóstico diferencial com outras condições, é a presença de lesões eritematosas e de bordos bem definidos, que podem ser elevados. A lesão é quente e dolorosa, com preferência pela região malar, e pelas faces anterior, medial e lateral da perna. Após 2-3 dias de evolução, podem surgir bolhas flácidas no centro da lesão, que logo se rompem.

                O paciente geralmente é acometido por manifestações sistêmicas, como febre, calafrios, e até mesmo toxemia, necessitando de internação hospitalar. O comprometimento linfático superficial facilita a disseminação lateral da lesão, determinando um aspecto em casca de laranja da região afetada. Como sequela, pode ocorrer linfedema, principalmente se o paciente tiver erisipela de repetição.

                O tratamento deve durar de 10 a 14 dias, e depende da gravidade da infecção. Lesões leves a moderadas podem ser tratadas com Penicilina G Procaina ou Penicilina V por via oral. Casos graves devem ser tratados com Penicilina G Cristalina. Alérgicos a penicilina podem ser tratados com Eritromicina. Para os pacientes que apresentam erisipela de repetição, é necessário realizar profilaxia para evitar sequelas linfáticas. A profilaxia é feita com aplicações de Penicilina G Benzatina 1x ao mês. 


Patrícia Kreling
Acadêmica de Medicina (4° ano)

sábado, 11 de agosto de 2012

Interpretação do LCR

A análise o LCR (líquido cefalorraquidiano) pela punção lombar é crucial para o diagnóstico de infecções, distúrbios dismielinizantes, hemorragias e carcinomatoses meníngeas.

A análise detalhada dos dados obtidos pela punção (contagem de células, proteína, hemácias, glicose, pressão, entre outros) pode direcionar para uma hipótese diagnóstica mais específica e facilitar o tratamento do paciente. A elevação de leucócitos sugere um processo infeccioso; o aumento de PMN (polimorfonuclear) sugere infecção bacteriana, enquanto o aumento de LMN sugere processo viral, fúngico ou imunológico. A contagem de glicose está reduzida em infecções bacterianas e fúngicas e a concentração de proteínas está elevada em diversos distúrbios, incluindo Guillain-Barré.

Testes especializados podem ser efetuados no LCR, incluindo PCR para pesquisa de encefalite por herpes, pesquisa de gram para infecções bacterianas e teste da tinta da China ou Nanquim para pesquisa de Criptococcus.


Ana Paula da Silva Maganhoto
Acadêmica de Medicina (4° ano)


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Síndrome de Sjögren

        A síndrome de Sjögren é uma doença inflamatória auto-imune que envolve primariamente as glândulas exócrinas, ocorrendo substituição do epitélio funcional por infiltrados linfocíticos. Pode ocorrer em todas as idades – o paciente mais jovem já relatado tinha três anos – mas afeta principalmente mulheres na quarta ou quinta década de vida, existindo uma proporção entre mulheres e homens de 9:1.

        A exocrinopatia se manifesta principalmente por envolvimento ocular e orofaríngeo. A redução da atividade das glândulas lacrimais pode levar à destruição do epitélio conjuntival e a um conjunto de achados clínicos denominado ceratoconjuntivite seca. Sinais e sintomas incluem congestão pericerática, aumento das glândulas lacrimais, prurido, dor e fotossensibilidade. O envolvimento de glândulas salivares ocorre em mais de 60% dos casos de síndrome de Sjögren primária (não associada a outras doenças reumatológicas). A conseqüente xerostomia pode causar queilite angular, cáries dentais, disfagia e pode estar associada a aumento glandular persistente ou episódico. O acometimento de outras glândulas pode causar rouquidão, bronquite recorrente, pneumonite e perda da função exócrina pancreática.

      Manifestações extraglandulares incluem febre baixa, mialgia, artrite, fenômeno de Raynaud, doença pulmonar intersticial, gastrite atrófica crônica, nefrite intersticial, glomerulonefrite, vasculite e doença tireoidiana auto-imune. Pacientes com síndrome de Sjögren primária também têm um risco relativo de desenvolver linfoma 44 vezes superior ao da população sem a doença. Entretanto, certos linfomas podem permanecer localizados por vários anos e regredir espontaneamente.

      O diagnóstico da síndrome de Sjögren pode ser feito através da dosagem de auto-anticorpos anti-Ro/SS-A (mais sensível) e anti-La/SS-B (mais específico), associada à análise dos sinais oculares e orais (por testes como o de Schimmer [para mensuração da atividade das glândulas lacrimais], cintilografia salivar, sialografia) e, se necessário, ao exame histopatológico após biópsia de uma glândula salivar.

Rafael Araujo Iizuka
Acadêmico de Medicina (4° ano)