domingo, 14 de abril de 2013

Dengue


A Dengue é uma doença infecciosa febril aguda de etiologia viral e que tem como agente etiológico um arbovírus da família Flaviviridae. É endêmica em algumas regiões tropicais, e na maioria dos casos é de curso benigno. Porém, pode evoluir com complicações e produzir formas graves como Febre hemorrágica da Dengue (FHD) e Síndrome do Choque da Dengue (SCD). Estima-se que ocorram cerca de 100 milhões de casos de dengue clássica e, aproximadamente, 500.000 casos de FHD por ano.

A transmissão é feita através do mosquito vetor: Aedes aegypti. O ciclo de transmissão do vírus da dengue é antroponótico, onde a transmissão acontece de um ser humano para outros através do vetor, sem a necessidade de um reservatório não humano envolvido. Em áreas tropicais, a transmissão acontece durante todo o ano e te aumento dos casos nos meses chuvosos.

A epidemia da dengue tem se tornado mais frequente e ampla está intimamente ligada à expansão das cidades, cujo crescimento desordenado e a aglomeração de pessoas favorecem os hábitos do vetor, que é muito adaptável ao ambiente urbano e tem grande capacidade de se reproduzir em meios artificiais (vasilhame, potinhos, garrafas e pneus que contenham água limpa e parada). Quando a fêmea do mosquito se alimenta de sangue de um indivíduo em fase virêmica, torna-se infectada e começa uma multiplicação viral dentro do vetor.

Existem 4 sorotipos virias: DENV-1 até DENV-4. A infecção promove imunidade permanente sorotipo-específica e imunidade cruzada temporária para os demais sorotipos. Assim, a amplificação da resposta inflamatória durante o 2º episódio de dengue, em virtude da presença de imunidade de memória, exarceba os mecanismos fisiopatológicos da doença, o que culmina com manifestações clínicas mais graves.

Com relação á fisiopatogenia da doença tem-se que após a picada por um mosquito infectado, o vírus se aloja e replica nos linfonodos regionais por 2 a 3 dias, disseminando-se por via hematogênica para outros tecidos, infectando macrófagos, monócitos, linfócitos B e T. A resposta inflamatória sistêmica resulta em lesão endotelial difusa e conseqüente aumento da permeabilidade vascular, que acaba produzindo derrames cavitários e hipoalbuminemia. Além disso, há estimulo à agregação plaquetária e seu seqüestro periférico, o que culmina em plaquetopenia. A liberação maciça de citocinas durante a resposta inflamatória sistêmica resulta em mal-estar e na fadiga. E o exantema caracteriza-se por vasculite desencadeada pela presença do vírus, além da vasodilatação imunomediada. Como o vírus tem tropismo pelo fígado, pode-se haver elevação das transaminases.

Dengue Clássica, a forma clínica mais comum, é benigna e autolimitada e carcteriza-se por febre, cefaléia principalmente retro-ocular, mialgia frequentemente lombar, artralgia de grandes articulações, exantema macular, náuseas e vômitos. Deve-se ficar alerta para manifestações hemorrágicas (petéquias, gengivorravias, epistaxe, hematêmese, melena e metroragia, pois pode-se estar evoluindo para uma consição desfavorável como uma FHD.

Deve-se considerar caso suspeito de dengue um paciente que apresente febre com evolução de 2 a 7 dias, associada a pelo menos 2 dos sintomas relacionados , em área e momento epidemiológico compatíveis com dengue. Para diagnóstico de FHD devem estar presentes 4 critérios: febre de até 7 dias; plaquetopenia < 100.000; presença de manifestações hemorrágicas; sinal de extravasamento de plasma ( aumento de 20% do hematócrito em relação ao inicial ou queda de 20% após expansão com cristalóide, e/ou derrame cavitário.

Com relação a avaliação clínica deve-se solicitar hemograma em todos os indivíduos com suspeita de dengue, que na maioria  dos casos apresentará leucopenia e plaquetopenia. A dosagem de albumina é útil para determinar a presença de extravasamento de plasma, ocorrendo hipoalbuminemia. As transaminases elevem-se de discreta a moderadamente. Em casos mais graves, que apresentem sinais clínicos sugestivos de hipovolemia e hipoperfusão periféica, a função renal (uréia e creatinina) e a gasometria venosa devem ser solicitadas para identificação de insuficiência renal, acidose metabólica. O diagnóstico específico é obtido com técnicas de biologia molecular e de sorologia. Nos primeiros 2 dias de infecção a confirmação é possível apenas por detecção do RNA viral no sangue através de PCR. A partir do início dos sintomas e até o 3º dia deste início pode-se fazer o teste rápido para dengue.  A coleta de amostra para a sorologia deve ser feita a partir do 7º dia para a detecção de imunoglobulinas de classe IgM específicas contra o vírus as dengue por ELISA.

Não há terapia antiviral específica, então o tratamento consiste em sintomáticos, hidratação vigorosa e repouso.

Jamille Lunkes
Acadêmica de Medicina (5° ano)